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sábado, 15 de janeiro de 2011

Após resgate, jardineiro deixa corpos de pai e madrasta na beira da estrada

Parentes de Odair da Silva morreram soterrados após chuvas em Friburgo. Número de mortes passa de 500 na Região Serrana deste terça (11).

Sem a ajuda do Corpo de Bombeiros, o jardineiro Odair da Silva resgatou os corpos do pai e da madrasta que estavam soterrados na comunidade de Pilões, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Os dois estão entre os mais de 540 mortos das chuvas que atingiram a região nos últimos dias. Na sexta-feira (14), Odair contou que o resgate foi uma tarefa difícil.

“Caiu a casa dele. Caiu a ribanceira e levou tudo. Ele (pai) estava debaixo de três árvores e a minha madrasta estava enrolada no colchão. Chegamos lá e ‘cavemos’, tiramos ele debaixo do barro”, disse o jardineiro.

Odair disse que deixou os corpos na beira da estrada após o resgate. "Tá lá, meu pai e minha madrasta, tudo na beira da estrada. Conseguimos colocar lá na beira da estrada, mas já faz três dias que não consigo ir lá buscar eles”, contou ele, que não teve a casa destrúida, mas viu todo o terreno em torno de sua residência ceder com a força da água.


Ainda de acordo com o jardineiro, as equipes de salvamento do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do município ainda não chegaram ao local do desastre, que é de difícil acesso: "Tá faltando resgate. Só consegue assim por meio de helicóptero ou canoas", afirmou ele, que completou: "Já pedi a ajuda aos bombeiros, mas só que eles não tão dando conta de socorrer as pessoas. Muita pessoa machucada, muita pessoa morta".


Maior tragédia climática do país
O número de mortos após as chuvas na Região Serrana inclui vítimas nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto e Sumidouro. Esta já é considerada a maior tragédia climática da história país. O número de vítimas ultrapassou o registrado em 1967, na cidade de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo. Naquela tragédia, tida até então como a maior do Brasil, 436 pessoas morreram.

No ano passado, de janeiro a abril, o estado do Rio de Janeiro teve 283 mortes, sendo 53 em Angra dos Reis e Ilha Grande, na virada do ano, 166 em Niterói, onde se localizava o Morro do Bumba, e 64 no Rio de Janeiro e outras cidades atingidas por temporais em abril.

Em SP, durante o primeiro trimestre de 2010, quando a chuva destruiu São Luiz do Paraitinga e prejudicou outras 107 cidades, houve 78 mortes. Os números da Região Serrana do RJ superam ainda os de 2008 em Santa Catarina, com 135 mortes. Relembre outras tragédias.

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, anunciou na sexta, após a primeira reunião ministerial do atual governo, que a presidente Dilma Rousseff decidiu adotar três medidas para atender aos municípios atingidos pelas chuvas no Rio. Entre as medidas, está a liberação de R$ 100 milhões - metade desse valor, de imediato - para oito municípios fluminenses mais afetados pelas enchentes.

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