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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Papilloma Virus (HPV)

Dede, um pescador da Indonésia de trinta e poucos anos tem o corpo recoberto de uma espessa “casca” e "pseudo-raízes”. Esses corpos estranhos bizarros crescem em seus membros!
Tudo começou quando Dede cortou o joelho quando era um adolescente. Uma pequena ferida protuberante surgiu ao redor do machucadinho e dias depois eram várias que começaram a se espalhar pelo seu corpo. O local preferido de localização eram suas extremidades. Os dias se passaram e tornaram-se anos. Como na Indonésia não existe o programa médico de família, ele não teve acompanhamento clínico necessário. Os pontos espalharam-se e continuaram a crescer e se espalhar interminavelmente. Seu organismo foi incapaz de combater o "corpo estranho" que em uma simbiose passou a fazer parte do seu organismo.
Não, não corre sangue por essas camadas "vegetais". Me pergunto se esse cara realiza fotossíntese.
A esperança surgiu para Dede quando um médico expert em dermatologia viu o “homem árvore” num documentário do Discovery Channel. O médico se interessou na hora pelo caso e voou para Jacarta. Após estudar o caso bizarro, o médico descobriu o que Dede tinha e propôs um tratamento que transformaria a sua vida.
Testando amostras em uma biópsia feita com amostras do tecido e do sangue de Dede, Dr Anthony Gaspari da Universidade de Maryland concluiu que o “homem árvore” era na verdade um caso gravíssimo de Papilloma Virus (HPV), uma doença relativamente comum que aflige alguns humanos gerando verrugas e causando sofrimento. Nas mulheres pode causar câncer no útero. Mas o caso de Dede era extremo.
Isso porque ele além do papiloma, tinha uma rara condição genética (lei de murphy, né?) que impedia que o sistema imunológico combatesse as verrugas.
O médico propôs como tratamento doses de vitamina A sintética como forma de combater o crescimento das verrugas.
O Dr. Gaspary acredita que o pobre Dede nunca será uma pessoa normal, dada a gravidade do caso, mas que com o avanço do tratamento, em alguns anos ele poderá até usar novamente as mãos. Pergunta maléfica: Como Dede se vira para se limpar?
Bom para ele que já não aguentava mais os pica-paus e cupins insistentes. Melhor que com isso não será mais vítima de chacota e conseguirá enfim abrir um crediário nas Casas Bahia sem ser chamado de cara-de-pau.
Impressionante a deformidade desse cara. Veja a foto abaixo:

Tateando pelo jornal Telegraph fiquei estarrecido com a notícia e uma sensação prá lá de estranha me passou pela cabeça.
Primeiro, o descaso médico com um pobre pescador. Onde estão as autoridades?
Depois, me lembrei de casos de verminoses tristíssimos que testemunhei no sertão baiano (telhado de vidro é complicado). Na cidade Morro do Chapéu, em plena Chapada Diamantina, encontrei crianças com no máximo 5 anos socando terra na péssima estrada no meio do nada em busca de moedas jogadas por motoristas em retribuição ao cuidado pela Rodovia que as crianças tomavam. Os buracos eram seu meio de subsistência. E no meio do nada tinha uma casa de mais ou menos 16m² apinhada de crianças. Depois de vários quilômetros, encontrava outra casa na mesma situação. Isso no trajeto Lençóis (Morro do Pai Inácio) - Morro do Chapéu. Detalhe: Era só a casa. Não tinha luz, água ou tratamento sanitário. Nem transporte circulava por ali. As pessoas estavam ilhadas. E a fossa ficava ao lado da pequena lavoura familiar. Como me lembrei de Graciliano Ramos naqueles dias.
Quando parei em um posto de gasolina isolado, rapidamente fui cercado por crianças em igual situação que clamavam: "Dinhê compá Fa-í". Mais tarde descobri que os pequenos, com Barriga d'água e toda sorte de feridas e parasitas pediam dinheiro para comprar farinha.
Embora os problemas sejam diferentes, o descaso do Estado é exatamente o mesmo. Meu Deus, como deixar seres humanos abandonados dessa forma? Um País que tem governantes, leis e se ufana de mandar ajuda humanitária para outrem não tem conhecimento das próprias mazelas. E se tem, não as combate. E se fossem filhos deles? Será que conseguem dormir tranquilos?
Ainda hoje, não raro, me lembro dessas crianças (muitas delas já devem estar mortas) e tenho insônia por causa disso.
Maranata!!

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